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Existem situações que todo mundo já passou que é por exemplo você está em casa sentindo frio com o ar condicionado em uma determinada temporada e o seu familiar que está no mesmo ambiente está sentindo calor. Ao contrário do que o senso comum tende a acreditar, o conforto térmico não depende apenas da temperatura do ar que nos circunda.

Conforto térmico é definido pela ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating, and Air-Conditioning Engineers) como “uma condição mental que expressa satisfação com as condições térmicas do ambiente que é avaliado de forma subjetiva pelo indivíduo”.

Repare que estamos diante de engenheiros, profissionais de ciências exatas falando de “condição mental” e “avaliação subjetiva”.

Pois é, o conforto térmico é experimentado por cada um de nós de forma distinta, mesmo estando expostos a um mesmo ambiente, como no exemplo do escritório.

Da mesma forma, nossa percepção acerca do conforto térmico pode mudar abruptamente quando alteramos alguma variável ambiental, como quando nos aproximamos da lareira em um dia frio, e já não mais precisamos de tantas roupas para mantermos nosso estado de conforto.

Isso porque, para atingirmos um estado individual de conforto térmico é necessário que haja uma determinada combinação harmoniosa entre fatores ambientais, físicos, psicológicos e fisiológicos.

Quando saem às ruas durante essa estação do ano, os finlandeses frequentam a praia, o mar, usam roupas leves. A temperatura média do verão finlandês varia entre 13 e 17°C. Para o finlandês, acostumado a temperaturas que podem chegar a -30°C no inverno, essa banda de temperatura é considerada absolutamente confortável, enquanto que nós brasileiros não nos atrevemos a ir à praia se a temperatura está abaixo dos 22, 23°C.

Dessa forma, fatores psicológicos influenciados pela cultura e região geográfica do indivíduo alteram sua percepção de conforto térmico o que exemplifica a subjetividade do tema.

Nosso estado fisiológico também altera nossa percepção de conforto térmico. Altas taxas metabólicas por exemplo, quando estamos exercendo atividade física exige uma condição ambiental diferente de quando estamos em posição sedentária. 

Os fatores que o projetista de edifícios, seja ele engenheiro ou arquiteto podem controlar ou manipular de forma precisa são os fatores ambientais.

O controle ambiental em edifícios está relacionado à 4 variáveis: temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do ar e temperatura radiante. Se conjuntamente refinados entre si e ajustados aos fatores subjetivos, podem resultar em adequados níveis de percepção de conforto térmico para a maioria das pessoas no ambiente construído.

Os dois primeiros fatores (temperatura do ar e umidade relativa do ar) são mais facilmente compreendidos. Sabemos que para cada região geográfica/ cultural considerando um tipo de atividade exercida, e para um determinado padrão metabólico médio de indivíduos existe uma banda de temperatura do ar que é considerada confortável pela maioria das pessoas. Tanto a temperatura quanto a umidade relativa do ar podem ser controladas pelos sistemas de ar- condicionado de edifícios. Para edifícios ventilados naturalmente, o indivíduo fica sujeito às condições climáticas externas para atingir níveis adequados de conforto térmico.

De maneira similar podemos observar o papel da velocidade do ar. Sistemas mecânicos de ventilação podem variar a velocidade do ar, tal como pode um bom e velho ventilador. Mesmo quando a temperatura e umidade são desfavoráveis, proporcionar altas velocidades de ar em contato com a pele humana, auxilia na evaporação do suor e dissipação do calor, sendo capaz de reduzir significativamente nossa sensação térmica. Sendo assim, em nossos projetos, sempre que possível tentamos resgatar a cultura do ventilador de teto, tão familiar a nosso clima e muito importante na manutenção de conforto térmico em grande parte de nosso território nacional.

A quarta e última variável ambiental que pode ser manipulada pelo projetista (nesse caso, o arquiteto) é a temperatura radiante.

Lembra da sensação de calor que sentimos em frente à uma lareira? Ou aquele desconforto térmico quando sentamos próximo à uma janela ensolarada em nosso escritório? Pois bem, estamos diante de radiação infra-vermelha. Nós não a enxergamos, como a radiação de luz visível, mas a percebemos como calor. A temperatura radiante varia em função da exposição do indivíduo à radiação infra-vermelha, no caso dos edifícios, o Sol.

Vidros de controle solar, principalmente os vidros insulados, low-e são capazes de reduzir a temperatura radiante até certo ponto. Mas assim como reza nossa arquitetura vernacular brasileira, nada melhor para o conforto térmico nos trópicos do que a boa e velha sombra, traduzida em nossos edifícios em forma de cobogós, brises e platibandas.

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